27 de jun. de 2011

Luta de Classes

PONCE em sua obra preocupou mostrar que as lutas de classe acontecem por inúmeros fatores, tudo depende do contexto histórico e das grandes movimentações. A educação aparece como papel fundamental para que elas se desencadeiem.

Ele afirma que: “Quando estudamos as origens das classes sociais, temos a tendência de supor que logo em seguida aparece a luta consciente entre essas classes. A luta consciente propriamente dita entre as classes de uma sociedade, no entanto, não se desenvolve, a não ser em determinado momento da evolução dessa sociedade.”

Que evolução seria essa se não a da transformação da educação?

Na transformação da sociedade comunista primitiva em sociedade dividida em classes, a educação teve como fins específicos a luta contra as tradições do comunismo tribal. O ideal pedagógico já não podia ser o mesmo para todos; não só as classes dominantes tinham ideais diferentes dos da classe dominada, como ainda tentam fazer com que a massa laboriosa aceite essa desigualdade de educação como uma desigualdade imposta pela natureza, desigualdade, contra a qual seria loucura rebelar-se.


No homem antigo, a “liberdade” de ensino não implicava, portanto, a liberdade de doutrina. O professor não moldava os seus discípulos de acordo com as suas próprias concepções; devia formar neles os futuros governantes e inculcar neles, pela mesma razão, o amor à pátria, às instituições e aos deuses.
O aparecimento das novas classes sociais havia transformado de tal modo as velhas relações que a sua influencia se fez sentir ate na disciplina mantida nas escolas. Em todos os lugares se clamava por uma escola mais humana, mais alegre, menos rígida.


As origens da nova classe social que começou a se formar durante a idade Média são um pouco obscuras. Até o século X, as cidades não passavam de miseráveis vilas. Os seus habitantes se resumiam a uns poucos artesãos e domésticos, que trabalhavam para o senhor feudal. Mas, a partir do século XI, progressivas modificações técnicas provocaram um florescimento do comércio. A educação se dava pelo ensino religioso, onde qualquer um que quisesse obter conhecimento deveria entrar para um convento.


Ponce conclui dizendo que “O conceito da evolução histórica como um resultado das lutas de classe nos mostrou, com efeito, que a educação é o processo mediante o qual as classes dominantes preparam na mentalidade e na conduta das crianças as condições fundamentais da sua própria existência. [...] A classe que domina materialmente é também a que domina com a sua moral, a sua educação e as suas idéias. Nenhuma reforma pedagógica fundamental pode impor-se antes do triunfo da classe revolucionária que a reclama.”
“Revoluções no campo educativo, não vimos mais do que duas: quando a sociedade primitiva se dividiu em classes e quando a burguesia do século XVIII substituiu o Feudalismo”

“Em todos esses casos, as reformas educacionais foram precedidas de transições sociais, mas não de convulsões; em todos esses casos, houve previamente modificações no equilíbrio das classes, mas não houve ruptura desse equilíbrio. As quatro reformas mencionadas foram o contragolpe no terreno educacional de um processo econômico mediante o qual uma sociedade aristocrática e agrícola retorcida sem claudicar diante de uma sociedade comerciante e industrial.” 

PONCE, A. Educação e luta de classe. São Paulo: Cortez Editora e Autores Associados, 1981.

Escrito por Flávia Lemos Bianquini.

A Essência e A Existência

BOGDAN SUCHODOLSKI em sua obra A pedagogia e as grandes correntes filosóficas procurou dividir as manifestações pedagógicas originadas desde a antiguidade até a atualidade em duas correntes distintas: a pedagogia da essência e a pedagogia da existência.

A pedagogia da essência foi iniciada por Platão e desenvolvida pelo cristianismo. Platão diferenciou no homem o que pertence ao mundo das sombras (o corpo, o desejo, os sentidos) e o que pertence ao mundo das idéias (o espírito na sua forma pensante). A pedagogia da essência procura pesquisar tudo que é empírico no homem e entender a educação como ação que desenvolve no indivíduo a sua essência "verdadeira". O cristianismo segue esses rumos do pensamento platônico, inclusive as concepções de Santo Agostinho, considerando, evidentemente, as diferenças devidas. Nessa fase, há uma reafirmação do ideal dualista de homem e de mundo. Similar à educação em Platão, na pedagogia cristã deve-se buscar tudo o que aproxima o homem ao divino e evitar as coisas terrenas, mundanas. Com algumas restrições, São Tomás de Aquino também procura seguir a mesma linha de pensamento.

Porém, no Renascimento esses ideais pedagógicos cristãos e platônicos são questionados. A vida social, a tradição e principalmente a autoridade clerical são cada vez mais contestadas. Nesse período, surgem também as indagações sobre o que se entende por essência. Será ela única, universal e manifestada de forma semelhante em todos os homens ou há uma diversidade? Há construção, transformação da essência? Mesmo sob críticas e indagações a pedagogia da essência consegue ser mantida pelos jesuítas, através de uma orientação mais tradicional; e pela natureza, como algo liberal e laico.

Eis que surge nesse momento, a visão de Rousseau, este transfere a concepção de natureza metafísica para o olhar empírico. “Se o homem é bom por natureza, a educação não deve ser concebida de modo a conduzir à destruição de todo seu eu empírico e ao renascimento da sua ‘verdadeira essência’ oculta; a educação poderia apoiar-se sobre a totalidade do homem empírico...”.( p .46). Rousseau por se interessar pela vida cotidiana do homem foi o primeiro a sugerir uma pedagogia da existência. Desde modo, a pedagogia é voltada para o olhar concreto do homem, ele tal como é.

A pedagogia da existência se fortalece nas concepções evolucionistas de Darwin e Spencer. A evolução é uma das características essenciais da realidade, é o que faz abandonar a autoridade passada e valorizar a presente. Mas é no século XX que Copérnico revoluciona as concepções educacionais. A criança agora é vista como sujeito da educação, sua atividade é valorizada e tudo o que despertar seu interesse, curiosidade e criatividade deve ser adotado no processo educacional.

“Unir educação e vida de modo que não seja necessário um ideal – ou definir um ideal tal que a vida real não seja necessária – eis os dois extremos do pensamento pedagógico da nossa época”. (p.123). Como é praticamente impossível a fusão das concepções pedagógicas da essência com a existência, já que a sociedade burguesa não contribui para isso, é possível seguir outro caminho: a trilha da educação direcionada para o futuro.

Essa obra de Suchodolski representa uma das grandes referencias da perspectiva socialista dentro da educação. Essa análise crítica e histórica a cerca da pedagogia deixou sua obra, além de original, enriquecedora para pesquisas de âmbito pedagógico. A sua proposta de educação voltada para o futuro é um tanto quanto pertinente, o que representa uma critica aos modelos educacionais adotados hoje em dia, por nós. Enfim, o que Suchodolski vem nos propor é que; a realidade em que vivemos não é a única e, portanto, não deve ser tida como o único critério de se pensar educação.

Suchodolski crê que, é somente através da participação na luta para criar um mundo humano que possa dar a cada homem condições de vida e desenvolvimento humanos, que a jovem geração se pode verdadeiramente formar. Tal é a única via que permitirá resolver os conflitos seculares que existem entre a pedagogia da essência e a pedagogia da existência e superar as tentativas falhadas de conciliação destas duas pedagogias. Com efeito, somente quando se aliar a atividade pedagógica a uma atividade social, que vise evitar que a existência social do homem esteja em contradição com a sua essência, se alcançará uma formação da juventude em que a vida e o ideal se unirão de modo criador e dinâmico.

SUCHODOLSKI, B. A pedagogia e as grandes correntes filosóficas. Lisboa, Horizonte, 1984.

Escrito por Izabela Moreira Alves.

26 de jun. de 2011

Sintetizando

COMUNIDADE PRIMITIVA

Na comunidade primitiva temos num primeiro momento a igualdade entre todos os membros, não existe relação alguma de superioridade, todos são indivíduos livres. A educação não era confinada a ninguém em especial, as crianças aprendiam sem a direção de ninguém. Num segundo momento temos o aparecimento do escravo que dividiu a sociedade em administradores e escutadores, tudo em função ao desenvolvimento da técnica e o crescente aumento de produção. A função de administrador se tornou hereditária e a propriedade se tornou privada, e com a existência de um escravo as pessoas além de terem se tornado dona das coisas se transformaram em dona de pessoas. A educação de administração marginalizou quem nada tinha. Uma educação sistemática, organizada e violenta, surge no momento em que a educação perde o seu primitivo caráter homogêneo e integral.


HOMEM ANTIGO


A transformação da sociedade dividida em classes o ideal pedagógico deixa de ser para todos. Na Grécia só restaram algumas lembranças do comunismo primitivo, a produção tomou rumo comercial na dimensão de seu desenvolvimento sob o controle das classes dominantes. Em Esparta todos que integravam a sociedade eram educados para a guerra, o espartano nobre não detinha outro conhecimento a não ser o das armas, já em Atenas, mesmo que colocassem a guerra como ocupação fundamental, a educação se dava de forma muito mais amena, lá a preocupação consistia em formar homens que seriam futuros governantes, devendo amor à pátria, às instituições e aos deuses. Foi o aparecimento das novas classes sociais que transformou de tal modo as velhas relações que a sua influencia se fez sentir ate na disciplina mantida nas escolas. Em todos os lugares se clamava por uma escola mais humana, mais alegre, menos rígida.

A antiga aristocracia romana e rural se firmou na indústria e o comércio. Unidos em confrarias e corporações, os comerciantes e os artesãos, que haviam aprendido a defender-se desse modo, começaram a ter influencias política e a gozar de consideração social. Achando insuficiente a educação ministrada ate então aos nobres, começaram a exigir uma nova educação. O ensino passou a ser uma verdadeira indústria, de que dependia a prosperidade dessas cidades.


HOMEM FEUDAL


As transformações que a sociedade sofreu durante o feudalismo impuseram no domínio religioso, em relação à Antiguidade, algumas diferenças de importância. A Igreja na figura do clero encontrou nos romanos a possibilidade de difundir-se. O monastério era a maior representação do trabalho organizado e “racionalizado”, ele foi também a primeira espécie de escola medieval, estas que eram divididas em duas categorias: umas destinadas à instrução dos futuros monges, chamadas “escolas para oblatas”, em que se ministrava a instrução religiosa necessária para a época, e outras destinadas à “instrução” da plebe, que eram as verdadeiras “escolas monásticas”. Não se ensinavam a ler e nem a escrever. A finalidade dessas escolas não era instruir a plebe, mas familiarizar as massas campesinas com as doutrinas cristãs e, ao mesmo tempo, mantê-las dóceis e conformadas. Durante toda a Idade Média, todos os que tinham interesses culturais e que não eram filhos de servos só poderiam satisfazer a sua curiosidade intelectual entrando para um convento. Preocupados unicamente em aumentar as suas riquezas pela violência e pelo saque, os senhores feudais desprezavam a instrução e a cultura.


RENASCIMENTO


Por ser um período de transição pode parecer impossível classificar suas características, portanto classificar suas modificações nos parece muito mais fácil. O Renascimento traz como principais características o florescimento das artes, e um vigoroso despertar de várias as formas de pensamento. A redescoberta da antiga filosofia, da literatura, das ciências e a evolução dos métodos empíricos de conhecimento caracteriza todo este período. Em oposição ao espírito escolástico e ao conceito metafísico da vida, busca-se uma nova maneira de olhar e estudar o mundo natural.
 

Esse naturalismo vincula-se à ciência empírica e utiliza suas descobertas para aplicá-las nas obras de arte. Os novos conhecimentos da anatomia, da fisiologia e da geometria são prontamente incorporados, possibilitando, por exemplo, a representação do volume pelo uso da perspectiva, dos efeitos de luzes e cores. Do ponto de vista filosófico, surge então uma nova concepção do mundo e do destino do homem, uma visão mais realista e humana dos problemas morais.

O movimento de transição dos períodos é uma ruptura da hegemonia enraizada pelo Clero e a Ordem Feudal, realizada por Lutero e Calvino através da Reforma. O renascimento Comercial e Urbano deu o surgimento da Universidade, formando-se ali um único centro de discussão, produção e irradiação de conhecimentos, também possibilitando a discutição do ato de ensinar.
 

Com a Reforma Religiosa iniciada por Martinho Lutero a educação popular tomou dimensão inusitada, a Igreja Protestante diferente da Católica estimulavam a leitura, pois se pregava que se chega a Deus pelo conhecimento, elas necessitavam que os fiéis fossem alfabetizados para estabelecer essa aproximação.
 

Ao outro extremo temos a criação da Companhia de Jesus e o seu “ratio studiorum” – ensinamento jesuísta – que recomendava o professor nunca se afastar Aristóteles e São Tomás de Aquino.
 

Montaigne aparece buscando uma pedagogia Laica, Rosseau defende que todos os homens nasceram livres, e a liberdade faz parte da natureza do homem inspirando uma nova visão da escola e da didática o que Impulsionará assim a ideologia iluminista.
 

Pestalozzi aparece logo em seguida para discutir a problemática da Educação e Hebart vem instaurar uma pedagogia científica, como concepção do positivismo.
 

Para Suchodolski a pedagogia de essência é mais antiga, pois ela toma uma matriz idealista do homem de como se portar, pois ela ocupa-se dos antigos dogmas religiosos prevalecendo em seu sentido humanista.
 

Já a pedagogia da existência possuí uma visão empírica do homem, analisando o que ele realmente é pelo caráter da individualidade e a quebra da religiosidade o que eleva a pedagogia da burguesia.

HOMEM BURGUÊS

 

A sociedade burguesa da época enfrentava duas atitudes de muita contradição: de um lado, a necessidade de instruir as massas, para elevá-las até o nível das técnicas da nova produção e, do outro, o temor de que essa mesma instrução as tornasse cada dia menos assustadiças e menos humildes. Ela então solucionou o problema entre os seus temores e os seus interesses dosando com parcimônia o ensino primário e empregando-o de um cerrado espírito de classe, como para não comprometer, com o pretexto das “luzes”, a exploração do operário, que constitui a própria base da sua existência.

E HOJE?


PONCE, A. Educação e luta de classe. São Paulo: Cortez Editora e Autores Associados, 1981.

Escrito por Flávia Lemos Bianquini. 

A Nova Educação

A burguesia havia se tornado inimiga da Igreja, por pretender realizar os seus negócios sem a interferência desse “sócio” de má fé, que sempre estava disposto a apropriar-se dos melhores bocados, mas era aliada, na medida em que via na nela um poderoso instrumento para inculcar nas massasoperárias a sagrada virtude de se deixar tosquiar sem protestos.

A escola laica que resultou desse conflito estava, portanto, muito longe de ser revolucionária: ela pretendia tão-somente regulamentar o ensino religioso ministrado nas escolas, de modo a evitar conflitos no seio de uma instituição que era freqüentada por burgueses pertencentes a vários credos.

“Quando observamos, estrita neutralidade – acrescenta – e é necessário que não se lhe oponha o menor impedimento, ninguém tem o direito de queixar-se. Os escolares têm as suas horas leigas e as suas horas religiosas. Não se introduziu na sua existência qualquer perturbação”. ERNEST LAVISSE
“porque não atendia às necessidades de toda a população segundo idade, situação escolar e tendências”. CARLOS SAAVEDRA LAMAS declarando que o nosso sistema atual de educação era inepto.
Formar uma aristocracia operária, arrivista e dedicada é uma das intenções mais claras do ensino popular dentro da burguesia. Ao invés de confessar que as crianças que abandonaram a escola primária são as mesmas crianças que a burguesia obriga desde cedo a trabalhar para ajudar a manutenção de um lar que essa mesma burguesia destruiu previamente, prefere-se jogar a culpa sobre os “desgranados escolares”, para usar a expressão com que se começa a designá-los, sobre a insuficiência dos programas, sobre a dificuldade do ensino, sobre a rigidez dos horários.

A burguesia não se teria apressado a culpar os programas e os métodos escolares por esse fato, se ela própria já não tivesse, há tempo, reconhecido a necessidade de reformá-los. Essa necessidade se tornou mais visível nos últimos anos e engendrou entre os técnicos em pedagogia uma proveitosa frutificação de “sistemas” e de “planos”. É, dentro da nova educação, a corrente que poderíamos chamar “metodológica”.

A Corrente Metodológica pouco se preocupava com teorias, mas era muito interessada em realidades, a corrente metodológica, através das suas diversas expressões – Plano Dalton, Plano Howard, Técnica Winetka, sistema Montessori, Sistema Decroly – constitui, no fundo, a racionalização do ensino. 

Mas, ao lado dessa corrente silenciosa e calma, surgiu outra corrente turbulenta, que sem desconhecer a urgência de uma reforma didática, afirma que o núcleo do problema não está nisso e sim no aspecto cultural.Eis então, a corrente doutrinária, que buscava educar, para ela, não seria reformar este método ou corrigir aquele horário, mas, sim “mergulhar uma alma no seio da cultura”. 

Olhando para o futuro, ela pretende superar o presente e substituir as formas atuais por outras formas que permitam a livre atuação da personalidade humana.

"essa corrente acredita que é urgente transformar a escola e modificar por seu intermédio à sociedade." WYNEKEN
“Bases Para Fundar a Rapidez do Ensino, com Economia de Tempo e de Fadiga” COMÊNIO Capítulo XIX, Didática Magna (1657)
Em 1900 surge a “nova didática”, com iniciadores familiarizados com a alma infantil por meio da Antropologia, Psiquiatria e trabalhos laboratoriais: Binet, Declory, Montessori, Dewey, Claparède. Em substituição ao malbarato de tempo e de esforço que as velhas técnicas traziam consigo – soletração, memorização, fragmentação do ensino – a nova técnica se propunha aumentar o rendimento do trabalho escolar cercando-se à personalidade biológica e psicológica da criança. Surge daí a parte da nova educação que ataca a rigidez dos velhos programas, a tortura dos horários inflexíveis, dos exames desnecessários.

Para Ponce a burguesia se mostrou como monopolista, religiosa e fascista, a burguesia contemporânea não só renunciou ao ensino leigo por que havia batalhado tantos anos, como impôs à escola um tão ostensivo caráter de instrumento a serviço do Estado, que a criança italiana e a alemã não são mais do que futuros soldados do fascismo. 

O pensamento da burguesia contemporânea a respeito da “nova educação”: não lançar às massas as flores da cultura, e reservar apenas para o homem das classes superiores 

“o completo desenvolvimento do espírito”.

Sabemos o que significam as mãos da burguesia “liberdade da criança”, “formação do homem”, “direitos do espírito”. A imagem do novo homem que a burguesia nos prometia é a velha imagem já bem nossa conhecida: a de uma classe opressora que monopoliza a riqueza e a cultura diante de uma classe oprimida, para a qual só é permitida a superstição religiosa e um saber bem dosado. 

A escola da burguesia não pronuncia jamais uma só palavra que não sirva aos seus interesses, a escola do proletariado também quer defender os seus interesses; mas há uma grande diferença nessas duas posições: enquanto aquela apenas encarnava os interesses de uma exígua minoria, esta defende as aspirações das grandes massas trabalhadoras.

Os filhos dos proletários e dos camponeses russos vão à escola para se unir à vanguarda consciente do proletariado e para acelerar desse modo à construção do socialismo. 

A “nova educação” significa, pois, um ideal bem preciso para o proletariado. Este, portanto, apressou-se em construir um novo tipo de criança: a criança que serve aos interesses da única classe social que, ao invés de perpetuar-se como tal, aspira a destruir as classes sociais, para libertar a sociedade.
  
Entre o fascismo da burguesia e o socialismo do proletariado, a “nova educação” aspirava criar uma educação que nada tivesse  ver com essas tendências políticas

Entre a burguesia que caminha para a morte e o proletariado que sabe com igual certeza que os destinos da humanidade estão em suas mãos, existe outra classe social, que nunca sabe com certeza o que deseja. Atraída, ao mesmo tempo, pela burguesia e pelo proletariado, a pequena burguesia constitui uma classe indefinida, indecisa e vacilante. Esmagada pela grande burguesia, a pequena não desaparece de acordo com uma linha gradualmente descendente. A força que a oprimi é a produção em grande escala, que desaloja periodicamente os pequenos capitais: maus tempos que fazem, então, do pequeno – burguês, um proletário. A força que a eleva é a desvalorização periódica do grande capital, motivada pelo envelhecimento das máquinas e das técnicas.   

PONCE, A. Educação e luta de classe. São Paulo: Cortez Editora e Autores Associados, 1981. (Capítulo VII e VIII)
Escrito por Izabela Moreira Alves.
 

Ficou curioso querendo saber mais de onde saiu a ideia socialista de PONCE?
Recomendamos a leitura de O Manifesto do Partido Comunista, escrito por Karl Marx.

Teorias Burguesas e Caminhos Pedagógicos-Filosóficos

A pedagogia da existência constitui a corrente de maior importância da pedagogia burguesa. Suas ideias evolucionistas antigas revelaram a Humanidade um patrimônio secular do qual devia extrair um conjunto de valores educativos. Essa herança realizada por Condorcet, qual tinha a intenção de mostrar o progresso da razão e das ciências.

O evolucionismo devia opor-se por principio à pedagogia da essência e declarar-se a favor de uma pedagogia que iria revelar o sentido e as necessidades do presente.

Spancer acreditava que a educação não ensinou o homem a viver na vida real. Na sociedade burguesa a educação e a instrução devem desempenhar uma função diferente, de acordo, com as leis gerais da vida social. O valor da instrução e da educação deve ser considerado através do prisma das necessidades biológicas e sociais do indivíduo na luta pela vida.

A partir de sua pedagogia outros pedagogos e alguns psicólogos passaram a tomar a criança como ponto de partida de investigações e de experiências, contribuindo quer com fórmulas gerais sob os novos princípios da pedagogia da existência, quer enriquecendo os nossos conhecimentos sobre a criança e a educação.
Diversos psicólogos elaboraram os princípios de uma nova pedagogia, que não apresentava, nem impunha um ideal e normas, mas que devia ser uma pedagogia funcional, uma pedagogia que cumpriria unicamente em despertar o interesse e a curiosidade da criança.

A concepção da evolução tornou-se na pedagogia a base para tratar o desenvolvimento da criança e da atividade educativa como criação especial.

A pedagogia baseada na teoria de Bergson da evolução atua como noção de vida que se identifique a um impulso vital, de uma concepção de desenvolvimento concebido como uma criação interior proveniente das camadas profundas da vida.

Certas correntes da pedagogia da essência adotaram algumas teorias da pedagogia da existência, pode-se então, falar da de um processo de existencialização da tradicional pedagogia da essência.

No âmbito da pedagogia religiosa, que habitualmente aderia à pedagogia da essência, surgem concepções que avançam relativamente longe na via de uma visão do homem como é e não apenas tal como deve ser.

A tentativa mais consequente de existencialização da pedagogia religiosa verifica-se nos círculos protestantes alemães.

O que já não fazia parte da composição da etapa da evolução estava desatualizado e não merecia ser introduzido no sistema educativo.

Porém, a teoria da evolução ainda assim, poderia ser útil para compreender a vida psíquica da criança e não para definir a sua situação do ponto de vista do desenvolvimento social.

SUCHODOLSKI, B. A pedagogia e as grandes correntes filosóficas. Lisboa, Horizonte, 1984. (Capítulo VIII)
Escrito por Flávia Lemos Bianquini.

Grandes Pensadores

Para Basedow (1723 – 1790) a educação consistia em formar “cidadãos do mundo, e em prepará-los para uma existência útil e feliz”. Ele distinguia dois tipos de escolas, uma para os pobres e outra para os filhos dos cidadãos mais eminentes.

 Filangeri (1752 – 1788) diz que todos os indivíduos da sociedade participem dela, mas cada um de acordo com as circunstâncias e com seu destino.

Mirabeau (1749 – 1791) dizia que todos legisladores serviriam da educação pública como um meio para manter e difundir as instituições, consistindo em dar ao homem o emprego de todas as suas faculdades.

Condorcet (1743 – 1794) deixa a formação das crenças religiosas, filosóficas e morais a cargo dos padres. Cabe a escola apenas não deixar passar qualquer talento despercebido e oferecer todos os recursos possíveis, pois assim as descobertas aumentariam o poder do homem.

Herbert (1820 – 1903) cria a Pedagogia Geral, insistindo a respeito de que a religião nunca poderá ocupar no fundo do coração o lugar tranquilo que lhe corresponde, se a sua ideia fundamental não foi inculcada desde a primeira infância.

Sarmiento (1811 - 1888) afirma que o trabalhador assalariado não pode satisfazer seu patrão se não dispuser ao menos uma educação elementar.

Heigel (1835 - 1905) tinha a concepção de que o processo não ultrapassava as analogias biológicas conhecidas pela literatura antiga e repetidas voluntariamente. Também relacionou a objetividade e universalidade do ideal e das normas educativas como o desenvolvimento histórico e do espírito objetivo.

Froebel (1782 - 1852) considerava primordial o jogo que permite a expressão, o conhecimento do meio, a criação e a alegria; que permite o curso dialético do que é interior e do que é exterior.

Kant (1724 - 1804) propunha-se vencer quer o cepticismo moral, quer a ética religiosa dogmática, recorrendo para isso à lei moral fundamental. Ele tentou mostrar na sua pedagogia as consequências da sua filosofia, pondo em evidência a atividade da criança no domínio intelectual e moral, se opondo a qualquer subjetivismo.

Fichte (1762 - 1814) ocupou-se diretamente dos problemas da atividade e do ideal. Ele convenceu-se de que o ato não pode ser a realização do ideal, pois nessa eventualidade não seria livre, portanto ele não interpretou a declaração partidária da pedagogia da existência.

Diderot (1713-1784) acreditava que o saber ler, escrever e contar de toda a população.
Porém, admitia ser mais difícil explorar um camponês que sabe ler do que um analfabeto.

PONCE, A. Educação e luta de classe. São Paulo: Cortez Editora e Autores Associados, 1981.

SUCHODOLSKI, B. A pedagogia e as grandes correntes filosóficas. Lisboa, Horizonte, 1984.

Pontuado e organizado por Flávia Lemos Bianquini.

Educação do Homem Burguês


No desenvolver do século XVIII existem dois importantes fatos históricos que marcaram esse período. De um lado temos a ascensão dos ideais iluministas, que pregavam a liberdade econômica e o fim das amarras políticas estabelecidas pelo poder monárquico. Além disso, esse mesmo século assistiu uma nova etapa da economia mundial com a ascensão do capitalismo industrial.

Nesse contexto, a França conviveu com uma interessante contradição. Ao mesmo tempo em que abrigou importantes personagens do pensamento iluminista, contava com um estado monárquico centralizado e ainda marcado por diversos costumes atrelados a diversas tradições feudais. A sociedade francesa estava dividida em classes socias distintas pela condição econômica e os privilégios usufruídos junto ao Estado.

De um lado, tínhamos a nobreza e o alto clero usufruindo da posse das terras e a isenção dos impostos. Além disso, devemos salientar a família real que desfrutava de privilégios e vivia à custa dos impostos recolhidos pelo governo. No meio urbano, havia uma classe burguesa desprovida de qualquer auxilio governamental e submetida a uma pesada carga tributária que restringia o desenvolvimento de suas atividades comerciais.
A classe proletária francesa também vivia uma situação penosa. No campo, os camponeses eram sujeitos ao poder econômico dos senhores feudais e viviam em condições mínimas. Muitos deles acabavam por ocupar os centros urbanos, que já se entupiam de um amplo grupo de desempregados e miseráveis excluídos por uma economia que não se alinhava às necessidades do nascente capitalismo industrial.

Somados a todos estes fatores, a derrota francesa em alguns conflitos militares e as péssimas colheitas do final do século XVIII, contribuíram para que a crise econômica, e a desordem social se instalassem de vez na França. Desse modo, a década de 1780 veio carregada das contradições, anseios e problemas de uma nação que não dava mais crédito a suas autoridades. Temos assim, os preparativos da chamada Revolução Francesa.
Enfim, a Revolução Francesa foi um importante marco na História Moderna da nossa civilização. Significou o fim do sistema absolutista e dos privilégios da nobreza. O povo ganhou mais autonomia e seus direitos sociais passaram a ser respeitados. A vida dos trabalhadores urbanos e rurais melhorou significativamente. Por outro lado, a burguesia conduziu o processo de forma a garantir seu domínio social.


PONCE, A. Educação e luta de classe. São Paulo: Cortez Editora e Autores Associados, 1981. (Capítulo VI)


Escrito por Izabela Moreira Alves.

Rousseau X Pestalozzi


“[...] não se incomodou com a educação das massas e sim, apenas, com a educação de um indivíduo suficientemente abastado para permitir-se o luxo de contratar um preceptor.” (Ponce, p.136)


“[...] Rosseau vê-a (pedagogia deixada por Comenius) de modo puramente empírico, não procura uma natureza com o sentido de essência verdadeira do homem.” (Suchodolski, p. 32)


 “[...] é bom tudo o que sai das mãos do criador da Natureza e tudo degenera nas mãos do homem. (Suchodolski, p. 32)


“A educação não deve ter por objetivo a preparação da criança com vista ao futuro ou modelá-la de determinado modo; deve ser a própria vida da criança.” (Suchodolski, p.33)




“[...] Foi ‘educador da humanidade’. [...] Pestalozzi se interessou pelos camponeses; mas ainda que esse sentimento tenha sido autêntico e generoso, não é menos certo que ele passou a vida educando crianças ricas. [...] ele atuou como filantropo e como industrial.” (Ponce, p. 142)


Em uma carta a um amigo afirma: “será o eterno testemunho do que tentei salvar a aristocracia honrada, mas os meus esforços só foram recompensados com ingratidões...”. (Ponce, p. 143)


 “[...] ele nuca pretendeu outra coisa a não ser educar os pobres para que esses aceitassem de bom grado a sua pobreza.” (Ponce, p.143)


Tanto ele, tanto Froebel: “[...] procuraram meios para aumentar e desenvolver as forças espontâneas da criança, a sua atividade própria.” (Suchodolski, p. 33)

PONCE, A. Educação e luta de classe. São Paulo: Cortez Editora e Autores Associados, 1981.


SUCHODOLSKI, B. A pedagogia e as grandes correntes filosóficas. Lisboa, Horizonte, 1984.


Pontuado por Flávia Lemos Bianquini e organizado por Izabela Moreira Alves. 

Novas Ideias

Defensor autêntico da Igreja e representante dos nobres. Exigia para o “jovem de ascendência nobre”, um ensino diferente. Acreditava que deveria limitar o campo dos estudos às coisas de profunda utilidade. Defendia também, que em oposição a vida “santa” dos monges e à “cavalheiresca” dos barões, os humanistas deveriam defender outra espécie de vida, que fosse menos laica que a primeira e menos predadora do que a outra.

Reformista e intérprete da burguesia moderada e da pequena nobreza. Pretendia acabar com o poderio do clero e instituir uma Igreja de poucas despesas. Instrução elementar passa a ser o seu primeiro dever de caridade e aconselha os pais a enviarem seus filhos à escola. Este compreendeu a estreita relação da difusão escolar com o progresso econômico, de tal forma a afirmar que a instrução constituía uma fonte de riqueza e de poder para a burguesia, mas que não pensava em estender tais benefícios às massas populares.

Proclamou a necessidade de economizar tempo no terreno educativo. Defendeu a teoria de ensinar rapidamente e solidamente. Acreditava que deveria apresentar a juventude às próprias coisas, ao invés de suas sombras, ou seja, ensinar de forma real. “Só fazendo, escrevendo e pintando é que se aprende a fazer, escrever e pintar.”,dizia ele. Além de afirmar que o que faltava nas escolas era os conhecimentos reais.

Dizia que era preciso aprender o que será útil e aconselhava o estudo da escrituração convencional como “absolutamente necessário”.

PONCE, A. Educação e luta de classe. São Paulo: Cortez Editora e Autores Associados, 1981. (Capítulo V)

MONTAIGNE 
Criticou o caráter superficial e verbal da educação quer escolástica, quer humanista. Tratava-se, na verdade, de revelar a ligação do processo educativo com a vida real do homem. As ideias da pedagogia da existência se manifestavam na obra de Montaigne para revoltar-se contra a pedagogia da essência. Esta revolta condenava não somente os princípios de adestramento postos em dúvida pela maioria dos humanistas, mas também as afirmações fundamentais da pedagogia da essência,isto é, a submissão do homem aos valores e aos dogmas tradicionais e eternos.

JESUÍSTAS 
Realçavam com vigor o sentido religioso e dogmático da essência pedagógica, em contraposição aos que faziam concessões a uma relativa adaptação do trabalho, do ensino e da educação. Os jesuítas desenvolveram a sua ação recorrendo a diversos meios; um deles era a escola, que devia formar os jovens de modo a tornarem-se fiéis e obedientes aos filhos da Igreja.

Criador de um sistema pedagógico dependente da Natureza. Aconselhava, que o mestre seguisse o exemplo do jardineiro, tratando das plantas conforme suas necessidades e possibilidades.

Vê a noção de natureza da criança de modo empírico. A educação não devia ter por objetivo a preparação da criança com vista ao futuro ou moldá-la de determinado modo; devia ser a própria vida da criança. A realidade que interessa Rosseau e o absorve é a vida concreta, cotidiana e verdadeira do homem. A pedagogia rosseuniana foi a primeira tentativa radical de oposição fundamental à pedagogia da essência e de criação de perspectivas para uma pedagogia da existência.

Dedicou toda a sua vida às crianças pobres; preocupava-se, fundamentalmente, em desenvolver essas crianças de acordo com os seus dons,possibilidades e experiências do mundo e da sociedade.

Procurou mostrar a unidade geral, os fenômenos através dos quais a criança no seu desenvolvimento espontâneo se transforma num homem tornando interior o que era exterior e vice-versa. Este criou a primeira obra do jogo, através da expressão, do conhecimento do meio, da criação e da alegria.

SUCHODOLSKI, B. A pedagogia e as grandes correntes filosóficas. Lisboa, Horizonte, 1984. (Capítulo IV, V, VI)

Pontuado por Izabela Moreira Alves e organizado por Flávia Lemos Bianquini.

O Renascimento

O Nascimento de Vênus - Sandro Botticelli (1483)
O movimento renascentista originou uma nova sociedade e, portanto novas relações sociais em seu cotidiano. A vida urbana passou a ter novos comportamentos, pois o trabalho, a diversão, o tipo de moradia, acarretavam, por si só, em uma nova atitude dos homens. Isso significa que o renascimento não foi um movimento de alguns artistas, mas uma nova concepção de vida adotada por uma parcela da sociedade, e que será exaltada e difundida nas obras de arte. O renascimento recuperou os valores da cultura clássica, se utilizando dos mesmos conceitos, porém aplicados de uma nova maneira a uma nova realidade.
Homem Vitruviano - Leonardo da Vinci (1490)

O Renascimento surgiu na Itália, onde era o principal pólo comercial daquele momento. Ricos e poderosos membros da sociedade italiana despertaram-se primeiramente, para a necessidade de  superar a mentalidade feudal. Surgem  diversos mecenas, patrocinando artistas, intelectuais e cientistas, no aprimoramento de sua cultura. As cidades italianas acabam por atrair inúmeros sábios bizantinos, que por terem preservado muito da cultura greco-latina, acabam por contribuir para o desenvolvimento renascentista. Partindo da Itália, o Renascimento difundiu-se por diversas nações européias, sendo grandemente favorecido pelo rápido fortalecimento comercial e urbano, que atingiu grande parte da Europa Ocidental, caracterizado pela retomada dos valores da cultura clássica. Esse momento é considerado como um importante período de transição envolvendo as estruturas feudo capitalistas. 

A educação renascentista visava o homem burguês, o clero e a nobreza. Era elitista, aristocrata e sustentava o individualismo liberal, não chegando às massas populares. A revalorização da cultura greco-romana e alguns fatos históricos influenciaram o pensamento pedagógico, favorecendo a superação do próprio homem.
Durante o Renascimento surgem três grandes áreas de interesse: a vida real do passado, o mundo subjetivo das emoções e o mundo da natureza física. O centro de gravitação é deslocado, afastando-se das coisas divinas, e passa a se direcionar  para o próprio homem. Opõe-se à escolástica, propondo situar o ideal da nova vida nos propósitos e atividades específicas das disciplinas de humanidades. Como a literatura dos gregos e romanos era um meio para esta compreensão, o aprendizado da língua e da literatura torna-se o problema pedagógico mais importante. Muito embora ainda elitista e aristocrático, o humanismo antropocêntrico renascentista, permite entrever uma maior participação do aprendiz na aprendizagem.

O ensino sofreu diversas modificações, a educação “cavalheiresca” dada ao nobre desalojado do castelo, já não servia. O ler e escrever já não eram considerados pelos nobres como “coisas femininas”. O interesse pela vida dos negócios, pela investigação e razão, faz surgir o cuidado em assimilar ensinamentos e não mais recebê-los, somente. É essa nova concepção de conhecimento, como construções humanas, que irá contrapor as ideias pedagógicas de S. Tomás de Aquino, durante a Idade Média.

O individualismo burguês então passa a exigir, no campo educacional, uma disciplina menos rude, uma maior consideração pela personalidade do educando e ambientes mais claros e alegres. Assim surge a Casa Giocosa, primeira escola inaugurada por um pedagogo do renascimento. 

O movimento renascentista, dessa forma, utiliza como idiomas de ensino o grego, latim e o hebraico, pois eram os idiomas da burguesia. Os estudos superiores eram muito caros nessa época e, no entanto, o estudo inferior, popular, nem existia.

“E coisa bem digna é o fato de o caminho que conduz a filosofia estar fechado e proibido à pobreza.” LA RAMÉE
Já a reforma, ao contrário, expondo suas reivindicações em idioma nacional e conservando-se fiel ao cristianismo, não só conseguiu arrastar a média e pequena burguesia, como também as massas camponesas e pré-proletárias. Ou seja, a verdadeira intenção do protestantismo era educar a burguesia abandonada e, ao mesmo tempo, não “abandonar” as classes desfavorecidas.

Os jesuítas também não se preocuparam com a população e procuraram dar a melhor educação possível a nobreza desde que, fosse compatível com os interesses da Igreja e da sua Ordem. A educação jesuítica só usava os recursos pedagógicos como instrumentos de domínio e procuravam defender duas frentes: a primeira contra o protestantismo cismático, e a outra contra os leigos incrédulos. 

Em contraposição, o protestantismo utilizou como primeiras medidas, abolir a infinidade de festividades com que o catolicismo se comprazia, para assim, aumentar os dias úteis. Com essa atitude, o protestantismo demonstra a concepção que irá defender; o trabalho, acúmulo de capital e o valor de tempo. Afinal, tempo agora é dinheiro. 


PONCE, A. Educação e luta de classe. São Paulo: Cortez Editora e Autores Associados, 1981. (Capítulo V)

Escrito por Izabela Moreira Alves.