26 de jun. de 2011

O Renascimento

O Nascimento de Vênus - Sandro Botticelli (1483)
O movimento renascentista originou uma nova sociedade e, portanto novas relações sociais em seu cotidiano. A vida urbana passou a ter novos comportamentos, pois o trabalho, a diversão, o tipo de moradia, acarretavam, por si só, em uma nova atitude dos homens. Isso significa que o renascimento não foi um movimento de alguns artistas, mas uma nova concepção de vida adotada por uma parcela da sociedade, e que será exaltada e difundida nas obras de arte. O renascimento recuperou os valores da cultura clássica, se utilizando dos mesmos conceitos, porém aplicados de uma nova maneira a uma nova realidade.
Homem Vitruviano - Leonardo da Vinci (1490)

O Renascimento surgiu na Itália, onde era o principal pólo comercial daquele momento. Ricos e poderosos membros da sociedade italiana despertaram-se primeiramente, para a necessidade de  superar a mentalidade feudal. Surgem  diversos mecenas, patrocinando artistas, intelectuais e cientistas, no aprimoramento de sua cultura. As cidades italianas acabam por atrair inúmeros sábios bizantinos, que por terem preservado muito da cultura greco-latina, acabam por contribuir para o desenvolvimento renascentista. Partindo da Itália, o Renascimento difundiu-se por diversas nações européias, sendo grandemente favorecido pelo rápido fortalecimento comercial e urbano, que atingiu grande parte da Europa Ocidental, caracterizado pela retomada dos valores da cultura clássica. Esse momento é considerado como um importante período de transição envolvendo as estruturas feudo capitalistas. 

A educação renascentista visava o homem burguês, o clero e a nobreza. Era elitista, aristocrata e sustentava o individualismo liberal, não chegando às massas populares. A revalorização da cultura greco-romana e alguns fatos históricos influenciaram o pensamento pedagógico, favorecendo a superação do próprio homem.
Durante o Renascimento surgem três grandes áreas de interesse: a vida real do passado, o mundo subjetivo das emoções e o mundo da natureza física. O centro de gravitação é deslocado, afastando-se das coisas divinas, e passa a se direcionar  para o próprio homem. Opõe-se à escolástica, propondo situar o ideal da nova vida nos propósitos e atividades específicas das disciplinas de humanidades. Como a literatura dos gregos e romanos era um meio para esta compreensão, o aprendizado da língua e da literatura torna-se o problema pedagógico mais importante. Muito embora ainda elitista e aristocrático, o humanismo antropocêntrico renascentista, permite entrever uma maior participação do aprendiz na aprendizagem.

O ensino sofreu diversas modificações, a educação “cavalheiresca” dada ao nobre desalojado do castelo, já não servia. O ler e escrever já não eram considerados pelos nobres como “coisas femininas”. O interesse pela vida dos negócios, pela investigação e razão, faz surgir o cuidado em assimilar ensinamentos e não mais recebê-los, somente. É essa nova concepção de conhecimento, como construções humanas, que irá contrapor as ideias pedagógicas de S. Tomás de Aquino, durante a Idade Média.

O individualismo burguês então passa a exigir, no campo educacional, uma disciplina menos rude, uma maior consideração pela personalidade do educando e ambientes mais claros e alegres. Assim surge a Casa Giocosa, primeira escola inaugurada por um pedagogo do renascimento. 

O movimento renascentista, dessa forma, utiliza como idiomas de ensino o grego, latim e o hebraico, pois eram os idiomas da burguesia. Os estudos superiores eram muito caros nessa época e, no entanto, o estudo inferior, popular, nem existia.

“E coisa bem digna é o fato de o caminho que conduz a filosofia estar fechado e proibido à pobreza.” LA RAMÉE
Já a reforma, ao contrário, expondo suas reivindicações em idioma nacional e conservando-se fiel ao cristianismo, não só conseguiu arrastar a média e pequena burguesia, como também as massas camponesas e pré-proletárias. Ou seja, a verdadeira intenção do protestantismo era educar a burguesia abandonada e, ao mesmo tempo, não “abandonar” as classes desfavorecidas.

Os jesuítas também não se preocuparam com a população e procuraram dar a melhor educação possível a nobreza desde que, fosse compatível com os interesses da Igreja e da sua Ordem. A educação jesuítica só usava os recursos pedagógicos como instrumentos de domínio e procuravam defender duas frentes: a primeira contra o protestantismo cismático, e a outra contra os leigos incrédulos. 

Em contraposição, o protestantismo utilizou como primeiras medidas, abolir a infinidade de festividades com que o catolicismo se comprazia, para assim, aumentar os dias úteis. Com essa atitude, o protestantismo demonstra a concepção que irá defender; o trabalho, acúmulo de capital e o valor de tempo. Afinal, tempo agora é dinheiro. 


PONCE, A. Educação e luta de classe. São Paulo: Cortez Editora e Autores Associados, 1981. (Capítulo V)

Escrito por Izabela Moreira Alves.